RIO - Os gastos da prefeitura do Rio com o show do cantor Luan Santana
para servidores públicos receberam críticas da oposição na Câmara de
Vereadores.
A Riotur pagará R$ 1,3 milhão por um único show do artista.
Para Paulo Pinheiro (PPS), o dinheiro poderia ser aplicado, por
exemplo, na ampliação da oferta de leitos de UTI nos hospitais do
estado. Ele lembrou que, nos últimos meses, dezenas de pacientes
morreram em filas de espera por vagas,
como revelou uma série de reportagens do GLOBO
.
- A prefeitura propôs que cada vereador apresente R$ 800 mil de
emendas ao orçamento. Eu dividi toda a minha cota pelos quatro hospitais
de emergência da prefeitura: Souza Aguiar (Centro), Miguel Couto
(Gávea), Lourenço Jorge e Salgado Filho (Méier). Creio que numa situação
dessas de crise de vagas da UTI o dinheiro poderia ser usado para isso -
disse Pinheiro.
O prefeito Eduardo Paes defendeu o gasto com o show.
- A prefeitura investe em vários eventos culturais na cidade - disse Paes.
O evento será uma festa de fim de ano para 30 mil servidores públicos e convidados no próximo dia 18 na Praça da Apoteose.
Contrato é fechado com empresa terceirizada
O
contrato com Luan Santana não foi fechado diretamente com os empresários
do artista, mas com a empresa Daniel Alves da Cunha Locação de
Equipamentos, especializada na organização de eventos e sediada na
cidade de Pinheiral, a 102 quilômetros do Rio. Um levantamento feito
pelo GLOBO no Rio Transparente (site que detalha a execução orçamentária
da prefeitura) mostra que esta é a primeira vez que a empresa é
contratada pela prefeitura, pelo menos desde 2007. Dono da companhia, o
empresário Daniel Alves explicou que já há algum tempo fechou com os
empresários de Luan Santana a realização de um show no próximo dia 18. A
partir daí, buscou interessados em contratar um pacote completo do
evento (incluindo infraestrutura).
- Um evento desses tem custos elevados. Colocar Luan Santana no
palco sai por R$ 525 mil. Só de impostos, vou pagar cerca de R$ 230 mil.
O resto do dinheiro vai pagar a logística. E é claro que nesse R$ 1,3
milhão está também minha margem de lucro. Afinal, tenho uma empresa que
emprega 34 pessoas - explicou Alves.
A contratação do empresário foi feita sem licitação, o que é
permitido pela Lei 8.666/93, que que trata das concorrências públicas. A
lei não fixa um teto para pagamento de artistas, uma vez que esse tipo
de orçamento não tem critério objetivo.
O
custo com o show de Luan Santana é um pouco inferior ao que a prefeitura
gastou no ano passado com os cachês dos artistas que se apresentaram
nos palcos montados na praia de Copacabana no réveillon passado. Em
2009, a prefeitura pagou R$ 1,7 milhão pelas apresentações de Arlindo
Cruz, Bangalafumenga, Blitz, Carlinhos Brown, Cia. Aplauso, DJ Jannot,
DJ Marcelinho da Lua, DJ Taw, Ed Motta, Grupo Fundo de Quintal, Léo
Jaime, Lulu Santos, Maria Gadu, Os Paralamas do Sucesso, Pedro Luiz e
Roberta Sá. Nessa conta não estava o custo dos palcos, bancado pelos
patrocinadores da festa.
O GLOBO procurou por e-mail a assessoria de imprensa de Luan
Santana, pedindo esclarecimentos sobre o evento, mas ninguém foi
indicado para responder. Segundo a assessoria, a equipe do cantor está
atarefada nos preparativos para a gravação de um DVD ao vivo do cantor,
neste fim de semana, na Arena HSBC, na Barra da Tijuca. Na página
oficial de Luan Santana, a agenda prevista para o dia 18 é um evento
corporativo - não informando que a apresentação será na Praça da
Apoteose para funcionários da prefeitura e convidados. O show no
Sambódromo será o penúltimo do cantor este ano, antes que ele entre de
férias.
Fonte: O Globo
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