RIO - Você pode não gostar das suas músicas, mas é impossível não ouvir
(muito) falar sobre ele. Aos 19 anos, Luan Santana é um fenômeno do novo
sertanejo que canta para multidões enormes e percorre o Brasil de
jatinho particular (ele jura que é alugado). Seu cachê é de artista
consagrado e, para tocar na Festa do Peão de Barretos 2010, o músico
faturou R$ 400 mil, doados ao Hospital do Câncer da cidade no interior
de São Paulo. Situação bem diferente da que ele viveu há poucos anos, na
Campo Grande (MS) onde nasceu.
- Cheguei a pagar para me apresentar em alguns lugares. Em 2008,
gastei R$ 3 mil para tocar em um palco secundário em Barretos, e nem
tinha muita gente. Este ano, fui embaixador da festa e batemos o recorde
de público, que vinha desde 1998 - conta.
O cantor não tem cara de sertanejo. Sem bota, cinto, fivelão ou
chapéu, ele tem letras que deixam de lado a vida do caipira para falar
só de amor. O resultado da equação músicas com pegada pop + calças
justas + gel no cabelo + carinha de bom moço é fácil de adivinhar: uma
legião de meninas apaixonadas, capazes de loucuras para ficar
"grudadinhas na grade".
- Ele já se casou comigo e não sabe! Às vezes, fico sabendo que o
Luan está gravando um programa da TV Globo e vou para a porta do Projac
- conta a carioca Taís Caroline Laecato, de 15 anos, que está de
plantão na Arena Multiuso, na Barra, desde a semana passada, esperando o
show de gravação do DVD de Luan, este sábado (ingressos de R$ 70 a R$
120).
Há até quem perca a linha ao ficar cara a cara com o ídolo. Algumas
garotas não querem saber se tem plateia. Abaixam as calças e...
- Já teve uma menina que entrou no camarim querendo que eu
autografasse a bunda dela. E foi tirando a roupa! Eu disse "não, pelo
amor de Deus, moça, põe essa calça que está cheio de gente aqui". Acabei
autografando a barriga dela - lembra Luan, às gargalhadas.
Maior estrela da retomada do sertanejo, ele não gosta do rótulo
de "universitário" e defende que o seu público não é restrito a
adolescentes. Fiuk da roça? Só se for pelo alvoroço do público feminino.
- Nem cheguei à universidade. E nosso público não é só teen. Os
adolescentes estão lá em peso, mas tem desde criança a gente de 60 anos.
Até por eu não usar bota e chapéu, muita gente não sabia que eu cantava
sertanejo, mas isso virou uma identidade minha. E me ajudou a entrar
onde o gênero não tinha chegado - diz.
Luan reconhece a resistência do Rio a seu som. Para ele, isso tem a
ver com a força do samba e do funk na cidade. Mas ele defende que 90% do
Brasil são sertanejos e ainda vende o peixe das noites do gênero.
- Ainda tem uns 10% que acham que o sertanejo é de uma minoria,
que é cafona. Demorou um pouco, mas agora chegou, e é para ficar. Olha,
dá mulher pra caramba na night sertaneja. Os caras que querem pegação
vão encontrar. Quem quiser animação também vai - empolga-se o músico,
com sotaque carregado do interior.
Atualmente, Luan vive na ponte-aérea Campo Grande-Londrina (PR),
onde fica o seu escritório. Apesar de solteiro, ele diz que não é de
balada e conta que, quando não está em cima do palco, prefere ficar em
casa com a família, fazer churrasco e pescar.
O sonho de ser biólogo ou publicitário ficou para depois, mas ele
conseguiu concluir o ensino médio. No seu iPod, tem os clássicos Zezé
di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó, mas também rola
country americano, como Keith Urban e Taylor Swift, além das bandas
gringas McFly e Creed.
Fã de internet, Luan comanda seu perfil no Twitter pessoalmente.
Ele ficou uma fera, aliás, quando viu, no site, um suposto diálogo
"amoroso" que teria tido com um garoto.
- Pegaram uma imagem de twitcam minha e fizeram uma montagem.
Fiquei com raiva pra caramba. Sinto pena das pessoas que acreditam nisso
- critica o cantor, antes de a entrevista ser interrompida por uma
assessora de imprensa, insatisfeita com o rumo da prosa.
Fonte: Megazine
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